sexta-feira, 15 de junho de 2012

Ok, um blog novo apenas para diversão... afinal, precisamos descontrair um pouco  =)

#1: Irritando Renato Vargens

O como eu, o Renato Vargens, a Norma Braga e o Saci-Pererê desmascaramos o Pr. Carlos Queiros e os liberais hereges da FTL que promoveram "A ceia agre doce"







É uma pena, mas....
mimimi

Rasgou, perdeu!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Cristianismo e Posicionamento Político

É bem possível que você, como a grande maioria dos cristãos coerentes, está desiludido (a) com os políticos cristãos. Sua desilusão é totalmente valida, afinal os políticos cristãos no Brasil contribuíram e muito para essa desilusão coletiva.
Fomos desiludidos por candidatos que se corrompem, que se posicionam visando o beneficio de seu gueto eleitoral ou que em favor da dinâmica política abrem mão da plena responsabilidade que lhe conferimos - políticos que negociam políticas publicas e posicionamentos com a desculpa de que isso é necessário para que sua proposta “x” passe. A verdade é quanto mais politizados nos tornamos, maior é o desgosto que temos.
Mesmo diante desta desilusão com nossos representantes, creio que é importante termos candidatos que levem nossas considerações diante dos três poderes, candidatos que façam propostas a partir de uma cosmovisão cristã.
O fato de desconhecermos políticos cristãos que de fato nos representem diante dos três poderes, que se posicionem de forma ética e que tenham propostas que partam da cosmovisão cristã não indica que eles nunca existiram, que não existem ou que nunca existirão.
William Wilberforce pode ser compreendido com uma fundamentação histórica no desenvolvimento desta linha de pensamento. Wilberforce exemplifica o como políticos cristãos podem e devem mudar o curso da historia a partir de propostas e posicionamentos fundamentados na cosmovisão cristã. Wilberforce sem sobra de duvidas merece todo respeito e admiração por seus feitos, mas seria muito errado desconsiderar o restante do parlamento que apoiou as propostas de Wilberfoce. A proposta pode ter nascido de uma cosmovisão cristã, a opinião publica poderia ter sido incomodada a refletir sobre este assunto, mas se o parlamento Britânico não tivesse outros representantes que de fato se posicionassem a favor das propostas de Wilberforce, o Ato Contra o Comercio de Escravos de 1807 não existiria, ou tardaria a existir, deixando de ser um farol para todos os demais movimentos abolicionistas que o seguiram. Wilberforce deve ser considerado um dos mais brilhantes políticos cristãos de todos os tempos, mas devemos lembrar que suas propostas só foram aceitas porque outros membros do parlamento assumiram o mesmo posicionamento, e que este posicionamento só foi aceito porque boa parte da população britânica piedosa havia se politizado.
Quando nos falta representantes políticos íntegros, acho que a postura cristã a ser adotada é a de Martin Luther King Junior. Este foi outro grande político que mudou a historia, mesmo não tendo assinado nenhuma lei. A proposta de MLK como um político pode não ser aceita ou compreendida por muitos, por isso gostaria de defender a proposta de que MLK pode ter iniciado sua vida publica como ministro do evangelho, mas é na política que ele encontra sua vocação, e é pelo seu engajamento político que o considero antes de ministro do evangelho, um político cristão.
Considero MLK antes de mais nada um político pois sua preocupação era com relação às normas que região a polis norte-americana. Ele poderia ter assumido o mesmo posicionamento com relação aos direitos civis em questão  e mesmo assim não ser considerado um político, como foi o caso de muitos pastores (como Billy Graham) e intelectuais (cristãos e não-cristãos) norte-americanos. Sua militância o tornou um dos políticos mais significantes da atualidade porque era não uma faceta de seu exercício, mas era seu exercício - todas suas atividades tinham como propósito a promoção dos direitos civis. Quando se pensa em MLK se pensa em direitos civis, se pensa em militância e isso nada mais é do que o fruto e o instrumento de um político (acho que depois posso retomar aqui para defender o porque acho que pastores não seriam bons políticos, e porque políticos não seriam bons pastores).
Uma vez que a política é parte integrante de nossa dinâmica social, a impossibilidade não está em “se meter em política e continuar servindo a Deus”, mas sim em servir a Deus sem engajamento e compromisso político. Este engajamento e compromisso não se restringem a eleições e cargos públicos, mas a toda dinâmica que, de uma forma ou de outra, cria políticas publicas ou as fazem cumprir. Desta forma, a não participação política exigira um grau elevadíssimo de alienação em uma sociedade onde a política é representativa.
Os discípulos de Jesus são chamados de sal e luz pois devem ter um compromisso transformador para com a sociedade em que vivem, um compromisso transformador que faz a presença e a glória de Deus ser manifesta e reconhecida em todas as esferas do mundo que jaz no maligno.
Para nós cristãos, ser conivente com o pecado é tomar parte do mesmo pecado. Como, em sã consciência, poderíamos patrocinar ideais que são antagônicos aos nossos? Como poderíamos trocar a ética cristã por uma ética secular, totalmente relativista e promotora de conceitos inaceitáveis à luz do Evangelho?
Acho que a resposta para essa pergunta esta simbolizada pela vida de um de nossos mártires contemporâneos, Dietrich Bonhoeffer.
Bonhoeffer foi um pastor Luterano que se posicionou contra o regime Nazista, um regime que só pode ser descrito por diabólico. O que muitas vezes não paramos para analisar é como uma Alemanha que fora uma promotora da ética cristã passa a adotar valores nazistas.
Antes de mais nada, precisamos estabelecer que os valores nazistas não eram aceitos pela população em geral antes do surgimento do partido nazista, pelo menos não eram os valores aceitos pela maioria da população. A adesão ou aceitação destes valores se dá como parte de um pacote de propostas que uma minoria propõem à nação.
Ao som de belas promessas de mudança social, a Alemanha que fora uma forte promotora da ética cristã, ainda ferida pela primeira guerra mundial, começa a ver os benefícios que este novo partido promove. As promessas do Partido Nazista aqueciam os corações daqueles que não acreditavam mais ter uma vida digna e, convenientemente, os valores cristãos deram lugar aos valores nazistas.
Os cristãos que não abraçaram os valores nazistas abriram mão dos valores cristãos ao silenciosamente (e covardemente) se submeterem aceitando como inevitáveis os valores nazistas. Foi assim que a Alemanha se tornou a Alemanha Nazista, pela cegueira de uns e pelo comodismo/covardia de outros.
É neste cenário que surge Bonhoeffer. Suas obras, mesmo sendo tratados teológicos da melhor qualidade não seriam a mesma coisa se não fosse pela forma com que foram selados – pela resistência e pela entrega deste brilhante pastor luterano.
Seu posicionamento contra o regime nazista e seus valores se dá por sua apologia e pelo seu engajamento na Resistência, posicionamento este que o tornou um controverso mártir moderno. Se não fosse por cristãos como Bonhoeffer, dificilmente a historia teria tido o fim que teve.
Aqueles que não abriam mão de seus valores, de sua fé, estavam infiltrados em todas as esferas da sociedade e deram suas vidas para que a historia tomasse o curso que tomou
Vivemos em um contexto muito diferente da Alemanha nazista, e é por isso que esse exemplo pode parecer inaplicável. Mas quero mostrar alguns pontos de proximidade.
1.       Após séculos de exploração social, estamos buscando algo que ponha fim no julgo opressor, e as propostas e políticas de certos partidos (bem como de certos políticos que apenas se utilizam de seus partidos sem compromisso com sua ideologia) assinalam uma luz no fim do túnel, uma luz que muito se parece com a luz no fim do túnel que o partido nazista mostrou para uma Alemanha em desespero. Muitas vezes pontos polêmicos e atitudes imorais são simplesmente deixados em segundo plano, afinal o pacote com os promissores benefícios exige a aceitação do todo. Desta forma, na sociedade moderna, os valores se tornam somente objetos na vitrine, objetos que serão comercializados a quem propor o melhor negócio.
2.       Nossa sociedade celebra as minorias, e nesta celebração das minorias somos forçados a aceitar valores que conflitam com os nossos. Estes valores vão vagarosamente penetrando mentes e corrompendo valores, dominando e rejeitando o que antes tínhamos como certo. A verdade se torna uma opção lógica em meio a tantas outras opções lógicas, uma verdade lógica que só é aceita como uma opção valida enquanto não conflita com as demais opções. E assim o cristianismo vai sendo secularizado, assimilando o coletivo em vogue, deixando de ser cristianismo e se tornando em alguma outra coisa – uma bizarrice que tenta misturar água e óleo.
a.       Culturas distintas que passam a ter contato trocam símbolos, mas normalmente existem certos filtros que permitem com que elas mantenham suas particularidades intrínsecas, preservando sua identidade.
b.      Este cambio de símbolos “filtrado” não acontece instantaneamente, a troca acontece mediante a depreciação de símbolos próprios em conseqüência da valorização dos símbolos de terceiros. Esta troca também não é uma via de mão unica sendo que da mesma forma que assimila é assimilada ao passo que as os grupos sociais que estão trocando significados entre si passem por modificações que aproximem as duas.
c.       O que vemos na sociedade moderna é uma assimilação, mas sim uma conformação sintética -  ela não propõe valores, ela os impõe. O design e a dinâmica desta imposição passam muitas vezes desapercebidos, como um remédio com sabor de doce, parece uma coisa mas sabemos ser outra.
Achamos conveniente nossa cultura sintética, pois ela tem aparência de sabedoria e tolerância, mas que na verdade não passa de uma forma de controle e manipulação, a mesma utilizada pelos grandes impérios através da história.
3.       Quando a voz de uma minoria se torna o padrão de uma sociedade podemos dizer que esta sociedade está debaixo de uma ditadura, mesmo que ela não perceba. Muitos aderem a esta ditadura e logo se tornam parte dinâmica deste sistema. Outros se fecham, voltam seus olhos a coisas que não conflitem com este sistema, se fecham em seus guetos. Acham que por não promoverem este sistema não estão tomando parte nele. O silencio diante da injustiça é injustiça. Quando nos calamos diante desta ditadura nos tornamos iguais aos cristãos que se calaram diante das atrocidades do regime nazista.

Vivemos em uma sociedade corrupta, submissa a um senhor oculto que se beneficia do silencio da igreja para promover seus planos diabólicos. Não acredito que podemos dar ao PT todo este mérito, e acredito que nenhum bispo da CNBB ou participante deste posicionamento assim o pensa.
A CNBB não disse que o PT é o detentor de planos diabólicos, mas afirmou que, uma vez que, como partido, exige de todos os seus afiliados aceitação incontestável do Plano Nacional de Direitos Humanos 3 (PNDH3), como partido deve ser rejeitado. Uma vez que observamos isso percebemos que o objeto não é, como se tem promovido, o PT e sim o PNDH3. O PNDH3 é entendido pela ICAR e pelos cristãos evangélicos ortodoxos e fundamentalistas como um pacote que tem em seu texto propostas controversas que de uma forma ou de outra conflitam com a cosmovisão cristã.
Este posicionamento político, que parte da cosmovisão cristã, não deve ser considerado religioso, mas político. Político pois não visa a promoção de sua fé (proselitismo) ou a defesa de seus direitos particulares mas sim das normas que regem a polis Brasil.
Por que um posicionamento como este ganha a dimensão de uma batalha entre igreja e estado? Porque em uma sociedade laica, a idéia de uma Igreja que domine o Estado é inaceitável. Mas a questão é: o PNDH3 é um pacote de leis e políticas publicas ou a essência da democracia? Certamente a ilusão de que a Igreja procura dominar o Estado tem servido o propósito de manter a população longe de avaliar não somente as propostas deste pacote, bem como do porque existe a necessidade de que ele seja aceito de forma “sintética”.
Creio que não é somente o PT que merece ser cautelosamente analisado e contestado, essa medida deve ser estendida a todos os políticos e partidos que promovam políticas, ou que tenham atitudes que conflitem com a ética e cosmovisão cristã.
É inaceitável que toleremos a corrupção assim como é inaceitável que aceitemos silenciosamente à imposição de valores que conflitem com os nossos. É bem possível que percamos essa guerra, mas aceitar a derrota sem lutar é um ato de covardia e um pacto com o pecado.

Como a CNBB, outras representações cristãs deveriam se posicionar a partir de uma analise de conjuntura e da cosmovisão cristã. É impossível servir a Deus e ser apolítico em uma sociedade onde a política é representativa, pois nosso posicionamento deve ser considerado não apenas “como para Deus” mas “em nome de Jesus”.
Entendendo que somos representantes do Senhor Jesus, cabe a nós fazer sua voz e seu posicionamento ser conhecido em todas as esferas da sociedade. A compreensão dicotômica que nos faz entender nossas vidas com esferas, esferas que diferenciem o  sagrado do profano, nada mais é do que um desserviço ao Reino de Deus.
Como cristãos em uma polis que é regida pelo poder representativo é nossa obrigação nos posicionarmos (a partir da cosmovisão cristã e da forma correta), pois  quem cala consente, e quem consente com o pecado e seu fruto assume não apenas a co-autoria do pecado, mas a responsabilidade e as conseqüências de seu fruto.